Layout de Acesso para Cadeirantes
Nos últimos anos tem sido nítido o esforço do governo e da sociedade em promover a acessibilidade para portadores de deficiência ou mobilidade reduzida, principalmente, o layout de acesso para cadeirantes, já que estes configuram um dos maiores públicos deste universo. Felizmente, o Brasil possui uma das mais avançadas políticas de inclusão social para estas pessoas, porém, as maiores barreiras se concentram na aplicação correta de normas como a NBR 9050, atualizada no final de 2015 com o objetivo de detalhar e esclarecer diversos pontos duvidosos em seu texto.
Antes de mais nada, para compreender e conceber este layout de acesso, é preciso ter consciência da real necessidade de cada indivíduo portador de deficiência ou mobilidade reduzida e conhecer o espaço adequado para que ele possa, de forma autônoma, desempenhar as mais variadas tarefas do seu dia a dia. Essa percepção e adequação são desafios a serem vencidos por arquitetos e engenheiros civis dentro de seus projetos e, como nosso foco aqui são os cadeirantes, a figura abaixo apresenta dimensões referenciais para cadeiras de rodas manuais ou motorizadas, sem scooter (reboque). A largura mínima frontal das cadeiras esportivas ou cambadas é de 1,00 m.
Considera-se o módulo de referência a projeção de 0,80 m por 1,20 m no piso, ocupada por uma pessoa utilizando cadeira de rodas motorizadas ou não, conforme figura abaixo:
Uma vez conhecidas estas dimensões, é possível considerá-las junto a outro conjunto de medidas especificadas como parâmetro no uso de áreas de circulação e manobra por usuários de cadeiras de rodas. A própria NBR 9050 as apresenta da seguinte forma:
Largura para deslocamento em linha reta
Área para manobra de cadeiras de rodas sem deslocamento
a) para rotação de 90° = 1,20 m × 1,20 m;
b) para rotação de 180° = 1,50 m × 1,20 m;
c) para rotação de 360° = círculo com diâmetro de 1,50 m.
Manobra de cadeiras de rodas com deslocamento
Posicionamento de cadeiras de rodas em espaços confinados
Projetos de Acessibilidade e sua Importância
Os projetos de acessibilidade e sua importância têm ficado em evidência nos últimos anos e hoje são tratados como algo muito além do cumprimento de obrigações legais. Além da maturidade e crescente superação do preconceito por parte da sociedade sobre o tema, todo o avanço da tecnologia, da medicina e outras áreas relacionadas, vêm gerando grandes oportunidades e concedendo uma autonomia jamais vista para deficientes e portadores de mobilidade reduzida.
Todos sabem que a acessibilidade é um direito, ou seja, o seu conceito aplicado deve garantir o direito de ir e vir, nivelando as oportunidades entre todos os indivíduos de uma sociedade, promovendo sua dignidade. Olhando por esta ótica, é preciso compreender que a escola desempenha um papel fundamental e é lá que tudo começa.
Embora a legislação sobre acessibilidade no Brasil seja bastante avançada, sua prática ainda merece bastante atenção, não só na ausência em locais indispensáveis, mas na correta aplicação das normas técnicas. Segundo o INEP – Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais Anísio Teixeira, apenas 26% das escolas no Brasil oferecem algum grau de acessibilidade, porém, isso não quer dizer que elas sejam totalmente acessíveis. Segundo pesquisa do IBGE com trabalhadores portadores de algum tipo de deficiência, 46,4% ganham apenas um salário mínimo, revelando que a falta de acessibilidade nas escolas motiva a desistência da educação e resulta num baixo nível de instrução. A educação é um dos principais fundamentos da vida e, sem ela, é difícil garantir a igualdade de oportunidades.
Usabilidade dos Portadores de Necessidades Especiais Físicas
Ao andar por grande parte das cidades brasileiras podemos observar que o investimento em projetos e obras de acessibilidade e usabilidade tem sido mal coordenado e estes poucos facilitam a vida de quem realmente precisa. Não adianta implementar calçadas perfeitas, se o cadeirante não tem uma rampa adequada para chegar ao ponto de ônibus. Assim como não adianta possibilitar a locomoção autônoma de deficientes físicos até o elevador se o teclado de opções de deslocamento está mais alto que o indicado na Norma 9050 de 2015.
Exemplos de rampas inacessíveis para deficientes físicos (cadeirantes).
Exemplo de rampa adequada tecnicamente para deficientes físicos.
Além dos desafios no mundo físico, existem trabalhos que visam a inclusão digital de pessoas com necessidades especiais. O NCD – Núcleo de Cidadania Digital, Programa de Extensão da Universidade Federal do Espírito Santo (UFES) que oferece produtos e serviços gratuitos para a comunidade. Possui, também, estrutura e equipamentos para beneficiar pessoas portadoras de necessidades especiais, como rampa para cadeirantes, programas computacionais para deficientes visuais, entre outros.